quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O sal

'Num bar, música no telão, sentado na mesa com o copo de cerveja ao seu lado, ele olhou para os granulos de sal fixos sobre a batata frita que ele girava sobre o palito. Quem o visse de longe iria dizer que ele não teria mais do que dez anos, e que o fato de girar a batata sobre o palito a fim de contemplá-la o tornava tão infantil naquele momento; mas ao contrário disso ele apenas observava como o sal se aderia a batata ou a batata se aderia ao sal e desafiava a física enquato a rodeava sobre o pequeno palito, enquanto devaneava sobre o porquê dele estar pensando e lembrando de alguém tão conhecido e já desconhecido pelo tempo que os distanciava. Então se perguntou, Por que todos os dias? todos os dias me lembrar de ti! E foi este, justamente este o fato que o intrigou, ser todos os dias...Se na cabeça dele ja não tinha mais motivos para ser assim, nem mandava cartas, nem alô, nem oi algum; outrora os outdoors da cidade antes amigos faziam-no esquecer. Então sem resposta, surpirou, tomou o último gole da sua bebida amarga e sumiu.'

(C.M.P)

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